Friday 20 September 2013

Com música mas sem banda sonora

Um dia questionei-me sobre que música poderia ser a banda sonora da minha vida. Pensei em tantas que alguma vez me apeteceu cantar a alguém ou gritar ao mundo. Lembrei-me de todas as melodias que procuro por me provocarem, de forma instantânea, estados de espírito alegres. Pensei naquelas, poucas, que só porque ouvi-las – e não por me lembrarem de alguém – me fazem chorar. Mas não encontrei resposta.

Sou tanta gente e tantas melodias, que nem um duplo CD chegaria para escutar a minha vida. Nem mesmo se quisesse ilustrar o meu dia de hoje conseguiria. Talvez optasse por escolher uma música que desse conta dos meus valores que considero mais imutáveis. Mas também eles ganham novas cores, uns vão adquirindo mais importância e apagando outros. E se escolhesse essa música, será que amanhã iria subscrevê-la?

Tal como as músicas que vamos dançando ao longo da vida, também as pessoas que passam por ela vão entoando diferentes melodias. Um dia podem fazermos chorar só com a sua existência e no outro até a sua mais doce voz nos irrita.

Quantas vezes já nos questionámos porque ouvimos insistentemente uma música que agora criticamos? Os nossos ouvidos mudam, os intérpretes e os instrumentos também. Tal como reagimos de formas distintas perante uma música, não podemos esperar que o outro goste sempre de nos ouvir ou que entoe o mesmo perante nós. Tudo muda, com a rapidez e a naturalidade com que num instante nos apetece ouvir algo e no outro queremos um som completamente diferente.

Fica apenas a certeza de que não podemos viver sem música. Que só sabe viver quem também sabe ouvir as diferentes melodias do outro e do Universo. Que há um tempo para escutar e outro para compor e que somos felizes por termos a liberdade de escolher o que queremos ouvir.

Fazemos parte de uma sinfonia imensa em que só se torna aprazível incluir o nosso instrumento quando sabemos ouvir e entender os demais.

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